Como escolher um título para seu livro


Esse é um tema difícil. Nas fundamentais palavras do velho Henry Mencken : "Para toda questão difícil e complicada há sempre uma resposta simples, facilmente compreensível e errada". Meu primeiro ponto: eu acho que um bom título é tão importante quanto um bom insulto. Um título decente é uma coisa crítica, os elejo com a mesma consideração com que escolho as minhas sombras. Acredito, cambaleando a meio caminho de certa disso, que o título deve ser tão inspirado quanto a obra. Deve ser tão motivado quanto o trabalho inteiro. Um título decente será capaz de sempre aparecer em seu caminho menor. Um grande título conseguirá a qualquer tempo materializar em sua forma ínfima mesmo a imensa genialidade de um autor e a sua inspiração larga. Quando a motivação é ampla o título mesmo curto será, assim, enorme virtuoso. Agora eu tenho um empreendimento muito secreto, muito ambicioso tornando-se impossível ao pedir nada menos do que mais quatro títulos. É tarefa de uma vida. Eu passei meus anos primários escrevendo febrilmente sem esperar muito além desse presente, passado os primeiros anos e chegando ao fim, eu me duvidei todo o tempo sobre minha capacidade para cliar tantos títulos diferentes e que "clicassem". Sem saber o que iria fazer sobre os títulos todos, eu tinha algumas ideias, eu tinha alguns pensamentos, mas sentia que faltava alguma coisa: faltava o "meu livro" naqueles títulos. Neste caminho perigoso que é ir para atirar verdadeiramente em qualquer coisa eu escolhi analisar trabalhos em minha biblioteca cujo título constantemente me satisfez. Cheguei à algumas conclusões. 
Eu entendi que salvo raras exceções, casos especiais de amor e perdão, eu não gostava de títulos muito longos e muito entulhados com mais de 12 palavras. Eu não conseguia me importar com eles, com títulos muito grandes cujas palavras pareciam ter o mesmo sentido ordinário. Titulo que mexeu com 12 palavras ou mais mas não realmente mexeu com nenhuma palavra. Eu percebi igualmente que meu estilo sempre favoreceu os mais simples e "esclarecido em um sentido superior". Preferia os mais simples que possuiam a genialidade de explicar a "razão de ser" do universo monumental de uma obra inteira como "Crime and Punishment". Por último, reconheci que adorava autores que trabalharam o segredo com esperteza ou beleza. Existem títulos deslumbrantes que unem estratégicamente o mistério com humor ou poética.
Exemplos: Alguma Parte Alguma por Ferreira Gullar. 
The Sound and the Fury por Faulkner (Baseado em Macbeth)
As intermitências da morte por Saramago.
A hora da estrela por Lispector
As horas nuas por Telles
A Cinza das Horas por Bandeira. 
Gabriel García Márquez: Ninguém escreve ao coronel, Cem anos de solidão, Um senhor muito velho com umas asas enormes, Olhos de cão azul, Crônica de uma morte anunciada, O Amor nos tempos do cólera, Memória de minhas putas tristes e O general em seu labirinto. O Amor é um Cão dos Diabos Bukowski.

Eu suponho que o título deva ser dúplice, inicialmente um enigma que puxa o leitor e que depois se tornará em familiar piada interna que sempre o atraia em memórias de uma forma que o leitor vai se sentir confortável dentro daquele tempo. O título deve impresumível mas não enganoso. Eu compus um dia desses uma história, duranteminhasfériasdomeuromancexiu onde o personagem principal é chamado Nihilism e cujo título é o "O nada heroico". Eu gostaria de poder ajudar no entanto não acho que eu posso.

Não há problema em o título ser direto. (Meu problema com a sutileza é que ela é muito discreta. Meu problema com a sutileza é que algo sutil pode ser inútil. Tudo que é muito discreto parece com falta de confiança, parece com dúvida até virar uma. Parece que o autor não estava certo sobre aquele ponto e eu não fico certa sobre aquilo também. Eu reservo minha diplomacia ao duplo sentido que é algo mais fino pois supõe duas ideias distintas. No duplo sentido eu me pergunto, será que o autor desejou dizer x e y foi uma coincidência? Será? Mas eu sei que ele realmente quis dizer uma dessas coisas, sei que ele teve suficiente agudeza de espírito para assumir alguma coisa, só não sei o que e talvez nunca saberei.)



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