Gelo para as águias ― Charles Bukowski

GELO PARA AS ÁGUIAS 

Sigo lembrando dos cavalos
sob o luar
sigo lembrando de

alimentar os cavalos
açúcar
pedras oblongas de açúcar
mais parecendo gelo,
e suas cabeças são como cabeças
de águias
cabeças calvas que
poderiam morder e
não mordem.

Os cavalos são mais reais que
meu pai
mais reais que Deus
e poderiam ter pisado nos meus
pés mas não pisaram
poderiam ter feito coisas horríveis
mas não fizeram.

Eu tinha quase cinco anos
mas ainda não consegui esquecer;
ó meu Deus eles eram fortes e bons
as línguas vermelhas molhadas
projetadas para fora de suas almas.



Charles Bukowski.

       Tradução: Joysi Burman. 

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